Cada usuário poderá se cadastrar gratuitamente no site e monitorar 24 horas por até quatro câmeras a partir de seu próprio computador, sendo que a localização das mesmas será mantida em sigilo. Ao avistar algo suspeito, o usuário poderá avisar os policiais através de uma notificação de SMS, cabendo a eles decidir o procedimento a ser seguido. Entretanto, quem relatar uma ação que não é um ato ilícito perderá pontos.
Segundo o criador do site Tony Morgan. “Isso não é só um jogo, é algo dissuasivo. Quando as pessoas virem o sinal de que o Internet Eyes patrulha uma câmera, saberão que alguém estará assistindo e hoje em dia, as pessoas ignoram as câmeras”, acrescenta ele.
O site também terá uma seção de fotos com os bandidos mais procurados, bem como uma lista dos crimes cometidos por eles, que foram presos com a ajuda de internautas.
Os donos das câmeras, como empresas, prefeituras e até mesmo a polícia, poderão contratar o serviço por uma taxa semanal equivalente a R$50,00.
Mas a idéia gerou polêmica e alguns grupos de defesa dos direitos humanos se manifestaram contrários a idéia, alegando que o monitoramento desenfreado poderia resultar em abuso das liberdades civis. “ As liberdades civis geralmente nos protegem dos excessos do Estado, mas como ficaremos protegidos quando são cidadãos espiando uns aos outros”, disse à BBC Charles Farrier, da organização no CCTV ( “Não ao Circuito Fechado de TV”, em tradução livre). Essa é uma campanha privada usando o sistema, câmeras privadas e cidadãos privados assistindo essas imagens. “Em outras palavras, o que estamos observando aqui é a privatização do Estado de vigilância”, afirmou Farrier.
No Brasil, o especialista em segurança pública e privada, Cleber da Silva Lopes, classifica esse tipo de programa como “civilização do policiamento”. O que antes era entendido como a atividade que visa combater o crime através da vigilância, da ameaça ou uso de sanções, ou seja, o policiamento, não é mais desempenhado exclusivamente por agentes estatais. “Houve uma pluralização dessa atividade.
Em diversas partes do mundo ( não apenas na Inglaterra) o Estado tem incentivado a sociedade a participar ativamente ao combate ao crime através da vigilância e coleta de informações criminais. De mera consumidora passiva da proteção policial, a sociedade tem se tornado cada vez mais uma co-produtora ativa de segurança pública” – afirma Lopes.Para ele, esse tipo de sistema pode ser tanto benéfico como problemático, pois se, por um lado a presença das câmeras com um monitoramento efetivo dificulta a ação criminosa, por outro, possibilita ser usada pelos próprios criminosos para confundir a polícia. “Sabemos que criminosos utilizam os mecanismo de fiscalização das forças policiais ( corregedorias e ouvidorias de polícia ) para encaminhar falsas denúncias para alterar o foco de investigações ou tentar afastar policiais corretos e eficientes no combate ao crime.
É preciso estar atento. “ alerta ele.
A realidade vivida pelos ingleses, ainda está um pouco distante do Brasil, porém em algumas cidades o recurso do monitoramento já se faz presente. Só na capital paranaense, a prefeitura municipal de Curitiba já providenciou a instalação de 75 câmeras de segurança que estão localizadas em locais estratégicos da cidade. As imagens são acompanhadas 24 horas por dia por guardas municipais, no Centro Integrado de Monitoramento Eletrônico, onde atuam também policiais militares, agentes do Diretran e Secretaria Municipal do Urbanismo. Segundo o secretário da Defesa Social de Curitiba, Cel. Itamar dos Santos, a presença de câmeras de monitoramento nesses locais apresentou resultados imediatos: “ A região central ficou mais segura com redução do índice de criminalidade nas áreas monitoradas. Isso dá mais segurança para a comunidade, comerciantes e pessoas que circulam na região central”, explica o secretário.
Desde março de 2008, as câmeras de vídeo instaladas pela prefeitura de Curitiba – Paraná – Brasil tiveram 1.514 ocorrências registradas pela Guarda Municipal, Secretaria Municipal de Urbanismo, Diretoria de Trânsito de Curitiba ( Diretran / Urbs ) e Polícia Militar.
Nesse período foram detidas 229 pessoas, a maioria delas por envolvimento com drogas, seja pelo porte, uso ou tráfico. A Guarda Municipal encaminhou à polícia 94 pessoas flagradas com drogas nesse período. Dados como esse mostram que as câmeras quando são de fato monitoradas pela polícia, produzem efeitos satisfatórios para a sociedade, mas será que um sistema como implantado no Reino Unido daria certo no Brasil?
O delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Dr. Luís Carlos de Oliveira, acredita que sim, mas para estarmos preparados para utilizar esse tipo de recurso. “ A cultura naquele país é diferenciada, mas acredito quie a médio prazo já seja possível viabilizar o sistema no Brasil, até porque não vejo como seja possível fazer segurança sem o apoio da população .” – afirma o delegado Oliveira.
Para as lideranças sindicais dos vigilantes do Paraná – Brasil, a utilização de novas tecnologias no combate à criminalidade é muito bem vinda, desde que obedeça a critérios de legislação e respeito aos direitos da sociedade paranaense.
A população desconhece o alcance destes equipamentos, bem como a capacidade de invasão de sua privacidade. As câmeras mais simples conseguem filmar e captar imagens nítidas numa extensão de até 01 km, portanto, se usadas inadequadamente poderiam invadir a privacidade de funcionários de uma loja, captar imagens de um apartamento ou de uma residência.
A preocupação dos sindicalistas se dá em razão da falta de uma legislação complementar que defina a utilização deste tipo de monitoramento como de uso exclusivo do Estado. João Soares, presidente da Federação dos Vigilantes do Paraná, falando sobre o assunto alerta que: “Não podemos admitir que pessoas com interesses diversos utilizem-se deste tipo de equipamento para invadir a privacidade da sociedade paranaense, deste modo, è dever do Estado criar mecanismos legais para coibir abusos”.
Ele cita como exemplo o uso inadequado que deu ao milhares de radares instalados na capital paranaense.
“Estes equipamentos que também deveriam ser de controle absoluto do Estado, foram criados para educar o trânsito e punir os infratores, mas tornaram-se uma verdadeira máquina de fazer dinheiro, a partir do momento que passaram a ser administrados por uma empresa de economia mista”. Conforme denúncias de diversos setores da sociedade, os administradores destes equipamentos esqueceram que os radares têm também um cunho educativo, sendo inclusive objeto de ação por parte do Ministério Público Estadual por irregularidades nos contratos que têm com a Prefeitura Municipal de Curitiba.
As câmeras de vídeo são equipamentos de grande utilidade no combate à criminalidade, desde que elas estejam sujeitas ao controle do Estado. Portanto, podem e devem ser utilizadas para coibir a violência e a criminalidade no Paraná, mas o seu monitoramento e a utilização das imagens por elas captadas devem ser feitos exclusivamente pelas forças policiais com cautela e muito critério.
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Fonte: Revista Vigilante em Foco
Matéria publicada: segurancaprivadadobrasil.blogspot.com
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