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sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
DRACOS - O prestígio deriva quase sempre da idéia de poder...
O prestígio do hipnotista é um dos fatores decisivos na indução hipnótica; geralmente só se consegue hipnotizar pessoas junto às quais se tem o prestí-gio. Essa explicação começa por analisar a definição da sugestão como sendo “a tendência que a pessoa tem de agir sob o mando ou a influência de outrem”. Com base nesta afirmação questiona-se o que determina a tendência de uma pessoa agir a mando ou sob influência alheia, e aceitar coisas imaginárias co-mo se fossem reais. O prestígio deriva quase sempre da idéia de poder, de competência ou de carisma que por sua vez, demanda da aparência, conheci-mento ou atitudes de uma pessoa. Para os psicanalistas, o prestígio se forma em virtude de uma situação de transferência. Seria, citando Sandor Ferenczi, 97 “a expressão inconsciente instintiva e automática da submissão frente à autoridade materna ou paterna”. O prestígio do hipnotista resultaria da confusão inconsciente do hipnotizado que confunde a pessoa do hipnotista como sendo seu “pai” ou “mãe”. Segundo Weissmann, esse ponto de vista psicanalítico não é sempre aceito, considerando que nesse caso o hipnotista feminino só conseguiria hipnotizar quem fosse dominado pela autoridade materna, enquanto o hipnotista masculino só induziria indivíduos habituados ao mando do pai, fenômeno este que, na realidade, nem sempre se confirma. Acreditar, porém, no fato de que uma pessoa pode ser hipnotizada praticamente por qualquer hipnotista, independentemente das suas emoções pré-formadas, não chega a invalidar essa tese, levando em conta que o fator prestígio não se forma exclusivamente à base da experiência infantil da autoridade parternal-maternal.
Entrega amorosa
Por esse ângulo a hipnose é vista como um paralelo traçado entre a hip-nose e o apaixonamento. O que não se justifica unicamente por mecanismos sugestivos, mas também pela motivação afetiva do hipnotizado que, inconsci-entemente, encontra identidade de valores (reais ou transferidos) no hipnotista e promove o que se denomina de entrega amorosa. Freud formulou sua expli-cação para o estado hipnótico nesta base; segundo ele, o estado de hipnose corresponderia a uma entrega amorosa e, para justificar, em sua autobiografia conta que uma jovem o abraçou muito afetivamente ao sair do transe. Isso, de fato, pode ocorrer nas sessões de hipnose embora não seja regra, parece que depende de valores afetivos, nutrido independente do processo hipnótico, que se manifestam mais livremente no transe ou logo após. Concluiu Freud que a hipnose traz certo grau de satisfação de caráter libidinal, as reações e a própria expressão fisionômica de muitos pacientes femininos indicam visivelmente estados emocionais que colaboram com essa explicação Freudiana. Muitos ao despertarem do estado de hipnose, ainda que não cheguem a abraçar o hipnotista, demonstram comportamento e expressão facial de quem está apaixonado, podendo chegar, em outros casos, a uma crise de pranto. Para aqueles que defendem essa hipótese, essas reações talvez traduzam, mesmo que inconscientemente, aprovação e ou arrependimento do hipnotizado pelas emoções que acabaram de experimentar. Também é dentro da perspectiva psicanalista que se encontra a tese que associa a imagem do pai ou da mãe como uma figura autoritária que, durante a hipnose, é confundida com o hipnotista. Neste sentido o transe estaria relacionado com a aceitação do hipnotizado a uma figura autoritária, o que provocaria uma regressão emocional representada pela volta a uma fase anterior do desenvolvimento emotivo, quando sobressairia o pensamento mágico e simbólico. A mente do hipnotizado, regredida a um estágio de dependência infantil, liga-se emocionalmente com o hipnotista que fica revestido de qualidades excepcionais, podendo então fazê-lo obedecer. Dentro dessa perspectiva, para o hipnotizado o hipnotista representa a imagem do pai ou da mãe e a hipnose seria uma evocação infantil da relação masoquista erótica. A teoria psicanalítica descreve o estado hipnótico como resultado do desejo do hipnotizado de ser controlado por uma pessoa que, para ela, em determinados momentos, se parece com um dos pais (transferência), ou como resultado do seu desejo de satisfação de impulsos eróticos ou masoquistas inconscientes. Pode também o hipnotizado, ao submeter-se à hipnose, representar neste ato um desejo latente de proteção e segurança que se materializa na transferência. Freud justifica a entrega amorosa afirmando que a credulidade como a que o hipnotizado se dispõe a ter para com o seu hipnotizador, encontra-se, fora da hipnose, na vida real, somente na criança face aos seus pais amados. Para ele a hipnose pode ser entendida como uma relação amorosa com plena entrega; a coincidência da estima exclusiva com a obediência crédula que ocorre nas sessões são também características presente no sentimento de amor. Em geral, nas explicações de origem Freudiana, dá-se uma excessiva importância ao elemento sexual, integrado às relações materno paternal. Contudo, é muito difícil a comprovação dessa importância na relação entre o hipnotizado e o hipnotista. Muitos autores se posicionam contrariando essa e outras explicações baseadas nas hipóteses Freudianas, entre eles, Sarbin, quando afirma “A hipnose representa uma forma de comportamento psicológico social mais generalizado do que a simples entrega amorosa ou o apaixonamento”. Freud deu muita relevância ao lado sexual e, a isso, atrelou quase que totalmente a suas conclusões. Ao elevar o lado sexual e dar menor importância aos aspectos sociais e culturais, encontrou em seus próprios seguidores muitos dissidentes e, por causa disso, vários foram os que se afastaram de uma parcela das suas teorias e formaram as chamadas teorias neofreudianas. Alguns dos mais importantes são: Carl Jung, Alfred Adler, Karen Horney, Harry Sullivan e Erik Erikson. Todos eles são considerados neofreudianos e o ponto de divergência principal com o mestre é justamente a excessiva importância dada ao elemento sexual.

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