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segunda-feira, 2 de junho de 2014

INFILTRADOS VERSUS DRACOS - O paradoxo somos nós

Em toda sua História (cerca de 5.000 anos), a Humanidade conseguiu desfrutar de paz durante pequenos períodos descontínuos que, somados, chegam a apenas 300 anos, no máximo. Tivemos uma guerra de 100 anos. Mas - nunca - uma paz de cem anos. Predador por excelência, o Homem trouxe das cavernas apetites de violência, conquista e carnagem. Desses vícios atávicos ainda não conseguiu desvencilhar-se, embora o roteiro seguro de libertação contido no Evangelho, o mais sublime código de conduta que já tivemos. "Civilizados" e sem os pelos pitecantrópicos, guerreamos e lutamos continuamente. Brigamos com vizinhos por questões sem importância, apoiamos agressões a povos mais fracos e as justificamos em nome de interesses da "pátria". Questões sociais são resolvidas com as dores da violência. Ante a falta de justiça, justificamos a força. Agredimos e assassinamos porque "é preciso". Onipresente, o egoísmo norteia ações de indivíduos e nações, a cupidez nubla o entendimento de governantes e governados. Embora o inexorável buraco do túmulo esteja sob os pés de todos, isso jamais diminuiu a sanha com que se destroem valores que levaram séculos para serem acumulados. Procedemos como se fôssemos eternos, o "ego" nos polariza os interesses, torna-nos imediatistas e cria em nosso íntimo um vácuo que, de ordinário, procuramos preencher com coisas materiais. Sabemos, porém, que nada disto levaremos desta existência, nada, nem mesmo nosso cadáver. O vazio, portanto, ao invés de se encher, se aprofunda. A luta pela vida, justificável em criaturas de evolução primária, foi racionalizada sobre alicerces de egoísmo. E a violência, se repetindo e crescendo, foi engendrando meios de destruição cada vez mais sofISticados - a Ciência a serviço da morte - tão apocalipticamente eficazes que, hoje, a antiga ferocidade de nossos ancestrais nos parece ridícula. Vivemos no temor de que qualquer conflitozinho entre nações (mesmo as guerras civis e meros incidentes de fronteira) degenerem em guerra total, os cogumelos atômicos varrendo a vida do Planeta. De tudo isso resulta evidente que, embora as vantagens todas que temos sobre os animais, conseguimos um prodígio de irracionalidade: estamos progredindo contra nós próprios. Nossa inteligência nos deu maravilhas tecnológicas que nos empurram para uma barbárie terminal, para a fantasmagórica condição de habitantes de um planeta inóspito e quase sem vida (se não estéril). Este paradoxo sempre esteve em nós. O paradoxo somos nós.

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