
Foi através do feminismo que compreendi que não havia nada de errado em cortar os cabelos bem curtos, de que não precisaria espremer meus pés em saltos desconfortáveis para ser empoderada, da opção de usar uma roupa discreta ou um decote profundo.
O feminismo também ajudou a tornar pública a dolorosa experiência de ser alvo de violência sexual e através disso, conhecer tantas outras mulheres que passaram pelo mesmo, tendo a dimensão de que a violência contra mulheres e crianças estava muito mais próxima do que poderia imaginar.
Percebi as reverberações do machismo: Nos comerciais, no humor, nas revistas, na ciência, no cotidiano, nos discursos, no academicismo. Se somos produto do nosso meio as produções culturais são um reflexo. Tempos depois me tornei vegetariana e um ano após, adotei o veganismo.
Nesse ínterim, descobri Carol J. Adams e o “The Sexual Politics of Meat”, o que se configurou em um duplo desafio. Em primeiro lugar, nunca havia lido um livro em inglês; em segundo, a discussão acerca do vegetarianismo em círculos feministas é escassa e por vezes tempestuosa.
Escassa, porque estatisticamente existem mais feministas do que veganas (uma minoria, dentro de outra). Além disso, teme-se que o “foco” do debate feminista seja encoberto por uma causa “menor” que é o direito animal. Tempestuosa, porque é um assunto com maior impacto no dia-a-dia e requer uma série de considerações.
Verdade seja dita: Você pode passar uma semana inteira sem fazer uma piada machista e provavelmente quem faz parte de sua vida, nem repare. Mas experimente uma semana sem comer carne ou derivados de origem animal e a curiosidade se voltará para você, como se de uma hora para outra, usasse um adereço exótico similar a uma cartola chamativa e brilhante, cuja protuberância tornasse impossível desviar o olhar.
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